CGIE na Alemanha solicita revisão da nova lei de cidadania italiana

A recente reforma da lei de cidadania italiana tem causado grande preocupação entre os italianos residentes no exterior, especialmente na Alemanha.

Representantes do Conselho Geral dos Italianos no Exterior (CGIE) naquele país se manifestaram publicamente pedindo uma revisão urgente do texto aprovado pelo Parlamento italiano, alegando que ele representa um retrocesso nos direitos da diáspora.

O que diz a nova lei?

A nova legislação prevê, entre outros pontos, a limitação do direito à cidadania jure sanguinis (por descendência), estabelecendo prazos e critérios mais restritivos para o reconhecimento.

Um dos trechos mais polêmicos é a exigência de que os descendentes de italianos demonstrem vínculos culturais ou linguísticos com a Itália, medida vista por muitos como discriminatória e excludente.

Além disso, há mudanças nos procedimentos consulares, com prazos mais longos e exigências documentais adicionais, o que poderá tornar ainda mais lento um processo que, atualmente, já pode demorar anos.

A reação dos conselheiros na Alemanha

Os conselheiros do CGIE na Alemanha afirmam que a nova legislação ignora a realidade histórica e cultural dos milhões de descendentes de italianos espalhados pelo mundo, e que a cidadania não deve ser tratada como um “favor” do Estado, mas sim como um direito legítimo baseado na continuidade familiar.

Em nota oficial, os representantes apontaram que muitos ítalo-descendentes preservam suas raízes italianas mesmo após gerações fora do país, e que a nova lei pode afetar diretamente o sentimento de pertencimento dessas comunidades, além de romper laços históricos entre a Itália e sua diáspora.

Consequências para os italianos no exterior

Caso a nova lei entre em vigor sem alterações, estima-se que milhares de pedidos de cidadania possam ser indeferidos com base nos novos critérios.

Para os que vivem na Alemanha, país com uma das maiores comunidades italianas da Europa, isso representa um impacto significativo.

Além das consequências jurídicas, há também o aspecto emocional e identitário: muitos descendentes veem a cidadania italiana como um reconhecimento de sua história familiar, um símbolo de orgulho e conexão com a terra de origem.

O que o CGIE propõe?

Os conselheiros pedem a suspensão da aplicação da lei até que um debate mais amplo e democrático seja feito com a participação efetiva das comunidades italianas no exterior. Entre as propostas, estão:

  • A manutenção do direito à cidadania jure sanguinis sem restrições arbitrárias;
  • O reforço da estrutura consular para agilizar processos, e não dificultá-los;
  • A inclusão do CGIE e do Comites nos debates legislativos que envolvam os italianos no exterior.

Conclusão

A pressão dos conselheiros do CGIE na Alemanha reflete uma preocupação legítima com o futuro da cidadania italiana fora do país.

Mais do que um documento, ela representa a ponte entre o passado e o presente de milhões de famílias. Ignorar essa realidade pode ter efeitos duradouros na relação entre a Itália e sua diáspora global.

Agora, resta saber se o Parlamento italiano estará disposto a ouvir essas vozes e rever uma lei que, ao invés de aproximar, pode afastar ainda mais os italianos do exterior do seu país de origem.

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